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Sala de aula vazia

Ensino de História e Direitos Humanos?
 

Em primeiro lugar, gostaríamos de destacar que a conjunção feita entre o ensino de história e os direitos humanos, tão retomada e citada aqui, trata-se da possibilidade da utilização dos direitos humanos, das lutas ocorridas no Brasil e no mundo, relacionadas a conquista destes direitos, assim como de alguns de seus significados conceituais e sociais, para, desta maneira, estimular o debate e organizar estratégias para uma abordagem mais significativa de diversos temas do currículo de história, aproximando assim a pesquisa, o ensino, a prática docente.

O que buscamos é aproximação dos diversos debates ocorridos neste universo de discussões. A proposta da construção de um site possui a especificidade de trazer todos ao diálogo, por diversos vieses: sejam as questões etnico-raciais, de gênero, de classe, das perseguições e flagelos humanos, pela denúncia da exploração e opressão de pessoas e grupos, pela crítica ao corrente processo de destruição das instituições democráticas, pelo corrosão e abandono dos direitos, pelo desrespeito e pelas muitas indignidades que precisam ser combatidas com todo o rigor no debate, nas pesquisas e na prática educativa. E, deixemos, neste ponto, muito claro: não pretendemos, de maneira alguma, dar conta de todos estes temas e debates nós mesmos, pois este seria um projeto por demais extenso, e até mesmo inviável. Este é um projeto de longa data, que não se encerra aqui nesta pesquisa, mas que é, sim, um ponto de partida para o diálogo. O que propomos, é um espaço de aproximação para essas trocas, onde cada uma das vozes (seja através dos textos, das lives, dos artigos, livros, reportagens, documentários, índices, fontes, etc) possam contribuir para outros trabalhos e debates, mesmo que com enfoques diversos.

 

Concordamos com o que destacaram recentemente, Sardinha, Silva e Diniz (2022):

Nesse modelo de compreensão, observamos o debate sobre Direitos Humanos, para além da norma e da lei, como um campo que se desenha na dimensão do simbólico e envolve disputas de sentido pela operação de discursos que produzem verdades e legitimidade a quem demanda, acessa e vivencia esses direitos como experiência concreta. (2022, p.15)

 

Os autores citados acima se dedicaram, juntamente com outros 16 professores e pesquisadores do ensino de história, sobre este tema, no livro, “Ensino de História e Educação em Direitos Humanos: sujeitos, agendas e perspectivas de pesquisas”. A obra citada vem de encontro com nossa perspectiva que busca uma abordagem dos direitos humanos “para além da norma e da lei” (idem, 2022, p.15). Os autores salientam ainda que:

Por essa compreensão, a História enquanto campo de conhecimento se entrelaça a essa agenda de estudos e intervenção que configuramos como Direitos Humanos. Quando observados em espaços educativos, o ensino de História e a educação em Direitos Humanos são campos que se cruzam nessa tentativa de desvendar como a compreensão sobre direitos são possibilidades que nos permitem também compreender a constituição das sociedades e das relações sociais no tempo. (idem, 2022, p.15).

 

Torna-se necessário, hoje, até mesmo pela perspectiva da maneira como vem se configurando o ensino e a educação nas últimas décadas no Brasil, principalmente após a redemocratização, que os direitos humanos sejam abordados de maneira mais abrangente, contribuindo para a extensão de sua compreensão, para fora dos assuntos curriculares, ou seja, tratá-los, também como contributo para a estruturação de nossa prática docente. Buscamos que estes direitos contribuam para a vida e, em nosso caso, para a prática docente em história, sem que se os abordem pela perspectiva da letra fria da lei apenas, que por vezes os torna descolado da realidade que nos cerca, ou, de maneira ainda mais negativa, como se estes direitos, de fato, fossem estanques aos períodos de suas promulgações, congelados no tempo e no espaço. É preciso permitir que os direitos humanos contribuam de fato para nossas metodologias educacionais, para os nossos planejamentos, para as nossas aulas, para a nossa prática docente cotidiana, pois a história desses direitos possui também uma forte dimensão didática.

Nossa pesquisa: Texto
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